sábado, 3 de agosto de 2013

Sonha, poeta!...


Sonha, poeta!...
O sonho é o mais perfeito entorpecente,
Narcótico sublime,
Injeta sua força nas veias,
Corre pelo corpo,
Acelera o coração,
Da realidade é perfeito anticorpo.

Eis a razão de tua taquicardia,
Eis a razão da falta de ar,

Teu corpo não condiz com este mundo,
É pequeno demais,
Frágil demais,
Limitado demais.

Sonha, poeta!...
O sonho é a morfina que se mistura ao teu sangue,
Que te deixa em letargia,
Mas que te move em direção do futuro,
Que faz esquecer da vida que tens presente,
Pela vida maior que há no teu ser,
Ser infinito, profundo, definido indefinidamente.


Eis a razão da tua ansiedade,
Eis a razão da tua insônia,
Teu corpo já não suporta,
A carne já não comporta,
O próprio cerne aborta,
O que corre por tua aorta.

Sonha, poeta!...
Sonha sonhos tóxicos que te tiram do corpo,
Não poderás viver ao chão pousado,
Porque escravo da terra tu não és...
Nasceste para o azul imensurado ,
Para rasgar o céu de asas abertas,
Não tendo ao solo acorrentado os pés.


Sonha, poeta!... 
É no sonho que és pleno,
Sê sempre o mesmo:
Um louco!
Um incomum!
Não te sujeites a domínio algum, 
Não aceites limite nenhum,
Pois teu sonho cabe tanto em teu travesseiro
Quanto transborda no universo inteiro.

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