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abr|2012 |
Chega uma hora em que faz falta se perder
Se perder por falta de caminhos
De retas traçadas no mapa
De placas e sinais sucintos
O próximo passo, a próxima etapa.
Chega uma hora em que a ânsia é se perder definitivamente
Não no mundo e na moral,
Mas na vida, como obra de arte
Pelo simples prazer de se perder
Pelo simples prazer de fazer arte.
Na cidade,
Não quero mais seguir pelas avenidas e ruas asfaltadas
Quero entrar nas vielas
Descobrir caminhos esquecidos
Caminhos de pó ou pedra
Que me levam a tempos antigos.
A rapidez das retas não me atrai
Gosto das curvas,
De quebrar esquinas
Quero desvendar o tempo
O que há por trás das cortinas.
O tempo está gravado nas fachadas
E no imponente monumento
Chega a ser ousado, inoportuno
Assim como o vento,
Que delicadamente me tira de prumo.
Rotas traçadas limitam
Sul, leste, oeste e norte
Irremediavelmente norteiam, situam
Não dão espaço ao acaso ou sorte.
Na cidade sempre se está rodeado por tudo
Amanheço no mundo e com o mundo
Em mim e comigo
Não há parada, nem por um segundo
Não há descanso ou abrigo.
Saio a rua e há rua
Me ponho a pensar e há pensamento
Me desespero, procuro a rota de fuga
Algo que me leve do chão ao firmamento.
Me faço perdida
Ando mais,
Mas vivo mais
E perco menos,
Tanto faz
Não tenho pressa
Mas tenho paz.
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