sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Rota de fuga

abr|2012


Chega uma hora em que faz falta se perder
Se perder por falta de caminhos
De retas traçadas no mapa
De placas e sinais sucintos
O próximo passo, a próxima etapa.

Chega uma hora em que a ânsia é se perder definitivamente 
Não no mundo e na moral,
Mas na vida, como obra de arte
Pelo simples prazer de se perder
Pelo simples prazer de fazer arte.

Na cidade,
Não quero mais seguir pelas avenidas e ruas asfaltadas
Quero entrar nas vielas
Descobrir caminhos esquecidos 
Caminhos de pó ou pedra
Que me levam a tempos antigos.

A rapidez das retas não me atrai
Gosto das curvas,
De quebrar esquinas
Quero desvendar o tempo
O que há por trás das cortinas.

O tempo está gravado nas fachadas
E no imponente monumento
Chega a ser ousado, inoportuno
Assim como o vento,
Que delicadamente me tira de prumo.

Rotas traçadas limitam
Sul, leste, oeste e norte
Irremediavelmente norteiam, situam
Não dão espaço ao acaso ou sorte.

Na cidade sempre se está rodeado por tudo
Amanheço no mundo e com o mundo
Em mim e comigo 
Não há parada, nem por um segundo
Não há descanso ou abrigo.

Saio a rua e há rua
Me ponho a pensar e há pensamento
Me desespero, procuro a rota de fuga
Algo que me leve do chão ao firmamento.

Me faço perdida
Ando mais,
Mas vivo mais
E perco menos, 
Tanto faz
Não tenho pressa
Mas tenho paz.



Nenhum comentário:

Postar um comentário