domingo, 21 de outubro de 2012

Sinto

Diário de uma paixão. Nicholas Sparks. Out|2012

Sinto muito, mas eu sinto muito... demais.

Coisas de vó

out|2012

Contigo aprendi a ser alquimista, 
Descobri que misturar ervas e temperos dá mais sabor à vida e deixa a casa mais cheirosa;

Contigo aprendi a ser enfermeira,
Descobri que sempre há um chazinho pra curar tudo, inclusive os males do coração;

Contigo aprendi a ser fashionista,
Descobri que a gente pode ter a roupa que quiser, se nós mesmos a fizermos;

Contigo aprendi a ser decoradora,
Descobri que 
a gente pode fazer cortinas, toalhas e crochês e deixar nosso cantinho com "a nossa cara";

Contigo aprendi a ser mãe,
Descobri que bonecas podem ser um belo início de treinamento;

Contigo aprendi que existe sim amor eterno,
Descobri que o segredo está na parceria;

Contigo aprendi que nunca é tarde pra aprender nada,
Descobri que é muito mais significativo aprender a ler aos 80 anos do que na pré-escola;

Contigo aprendi que não é preciso ter faculdade e nem ao menos saber ler direitinho pra ser professora.




sábado, 20 de outubro de 2012

Na vida, a passeio

Jan|2011

Eu passeio através do tempo
Eu passeio pela vida
E numa distorção surreal da realidade
Sou imortal em minha mortalidade.

O esforço é sobre-humano
Transcende a dor humana
Entrar nessa quarta dimensão.

Quase não mais toco o chão
Flutuo num esforço apaixonado
No ritmo de um círculo perfeito.

Respiração ofegante
Tenta por um segundo acalmar o coração
Mas este segue em ritmo pulsante.

O movimento é repetitivo
Acabam-se ciclos e novos outros começam
Mas nesse movimento a liberdade é produzida
Assim como quem produz energia.

Já não sei mais o quão longe viajei
Mas posso sentir exatamente o quanto mudei
A cada movimento, sinto fazer parte da paisagem
Sinto o suor do meu rosto se misturar com o pó do caminho
Sinto o sol penetrar minha pele
Me sinto bem
Meu objetivo é chegar a esse ponto onde não há mais esforço
Onde espírito e corpo se fundem ao entorno.


Doce insanidade

out|2012

Já não procuro a palavra certa
Que me explique
Que me traduza
Aprendi a delinear pelos contornos
De significados
De sentidos
Da sutilidade
Da imortalidade.

Já não procuro prender o momento belo
Nem capturá-lo como imagem
Prefiro o instantâneo
O que não se pode guardar
Aprisionar
Prefiro os sentidos
Os cheiros
Os gostos
Os toques
Os devaneios
Quero vivê-los sempre com mais intensidade do que exige a vida.

Já subi no salto alto
E estou usando meu batom vermelho
Aproveitando até o mais fugaz
Me corto ao meio e me solto de mim
Duplo coração
Que pulsa em dobro
Que vive em dobro
Que se debate
E impulsiona
Ao voo
Na insanidade que permeia a lucidez.


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Rota de fuga

abr|2012


Chega uma hora em que faz falta se perder
Se perder por falta de caminhos
De retas traçadas no mapa
De placas e sinais sucintos
O próximo passo, a próxima etapa.

Chega uma hora em que a ânsia é se perder definitivamente 
Não no mundo e na moral,
Mas na vida, como obra de arte
Pelo simples prazer de se perder
Pelo simples prazer de fazer arte.

Na cidade,
Não quero mais seguir pelas avenidas e ruas asfaltadas
Quero entrar nas vielas
Descobrir caminhos esquecidos 
Caminhos de pó ou pedra
Que me levam a tempos antigos.

A rapidez das retas não me atrai
Gosto das curvas,
De quebrar esquinas
Quero desvendar o tempo
O que há por trás das cortinas.

O tempo está gravado nas fachadas
E no imponente monumento
Chega a ser ousado, inoportuno
Assim como o vento,
Que delicadamente me tira de prumo.

Rotas traçadas limitam
Sul, leste, oeste e norte
Irremediavelmente norteiam, situam
Não dão espaço ao acaso ou sorte.

Na cidade sempre se está rodeado por tudo
Amanheço no mundo e com o mundo
Em mim e comigo 
Não há parada, nem por um segundo
Não há descanso ou abrigo.

Saio a rua e há rua
Me ponho a pensar e há pensamento
Me desespero, procuro a rota de fuga
Algo que me leve do chão ao firmamento.

Me faço perdida
Ando mais,
Mas vivo mais
E perco menos, 
Tanto faz
Não tenho pressa
Mas tenho paz.



sábado, 13 de outubro de 2012

Bela Adormecida

out|2012
Se te pareço ausente,
Não acredite no que seus olhos não podem ver
Não acredite no que seus ouvidos não podem ouvir
A cada minuto, meu amor agarra-se em seus braços
A cada minuto, eu revolvo estes escombros
E mais momentos escorrem dos meus olhos.

Não acredite no que sua pele não pode sentir
Não acredite nesta letargia
Nem neste entorpecimento 
Meu sono não é tão profundo
Nem muito menos tão tranquilo.

Não valorize demais meu silêncio
Se encontrares recados numa folha branca
São minhas palavras tentando chegar a ti, ou não
Se teu telefone não tocar
Sou eu tentando te encontrar, ou não.

Ouça as palavras não ditas que chegam até você
Certas palavras só são ouvidas quando os lábios se fecham
E delicadamente se tocam
Não acredite nas palavras, enfim
São o meu jeito mais secreto de calar.


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Caminho

set|2012
Agora, tudo o que ela precisava era chegar na metade do caminho, naquela parte em que a dor da despedida vira a alegria do reencontro.



terça-feira, 9 de outubro de 2012

Pequeno palhaço



Ele não ergueu um céu
Debaixo de uma lona
Mas envolveu em sonhos
E trouxe um novo mundo a tona.

Não havia luzes
Para atrair a atenção
Mas o olhar ia sozinho
Em sua direção.

Não havia um picadeiro
Nem sequer um palco montou
Mas isso não o impedia
De fazer seu show.

Ele nunca pintou um sorriso no rosto
Mas o sorriso está presente
O mesmo do primeiro dia
Em nada diferente.

Em seu roteiro
As mais bobas piadas
Aquelas que fazem sorrir o tempo inteiro
De tão pouco engraçadas.

Pequeno palhaço engraçado
Que nunca usou um nariz vermelho
Aprendi ao seu lado
A sorrir o tempo inteiro.

Pequeno palhaço engraçado
Que não tem medo de por bobo passar
Aprendi ao seu lado
A vida, de alegrias pintar.

Pequeno palhaço engraçado
Que nunca pintou o rosto
Mas que por vezes tem arrancado
Sorrisos roubados
E afastado desgostos.

Pequeno palhaço de várias facetas
Podes ter seu roteiro preparado
Mas saiba que neste circo
A história é improvisada.

Pequeno palhaço engraçado
Que nunca fez caretas
Mas que chega ao coração
Sem precisar dar piruetas.

E assim, 
Despido de máscaras e narizes vermelhos
Desprovido de acrobacias e de roupas coloridas
Quando te olho,me vejo no espelho
E percebo que essa alegria já faz parte da minha vida.

Definições

mai|2012


Quem sabe se um dia vamos entender o que é tudo isso

Ou simplesmente vamos perceber que certas coisas não precisam de definição.


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Cuídate



Cuídate do los que saben escribir, pues tienen el poder de enamorarte sin siquiera tocarte.


sábado, 6 de outubro de 2012

Vazio

mar|2012


O vazio incomoda
Não pelo fato de não haver nada ali
Mas pelo que poderia estar ali.


E depois?

mar|2012


E te ganho
E te perco
E me estranho
E te vejo.

E me olha
E me encanta
E me provoca
E me agiganta.

E me entrego
E me chama
E não nego
E me ama.

E me volta
E te quero
E me solta
E te supero.

E exagero
E te ignoro
E te espero
E choro.

E te conto
E me mente
E te confronto
E te ressente.

E te deixo
E me leva
E me queixo
E me pega.

E te falo
E me ignora
E me calo
E tu choras.

E te esqueço
E me retorna
E te tento
E me força
E te amo...

E pra mim, o que?


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Invisibil[idade]

Daniel Gianechinni ago|2012


Centro urbano
Correria
Já é tarde
Passa do meio dia
É preciso cortar caminho
Rumo à galeria.

Cabeça baixa
O passo é apertado
Em minha direção vem uma caixa
Mas nem olho
Desvio
Vou pro lado.

A caixa flutua
Solta no ar
Vai de encontro aos transeuntes
Que só fazem esnobar.

Num segundo momento
Olhando com mais cautela
Percebe-se uma figura
Que, de tão frágil, se faz bela.

Há alguém que sustenta a caixa
Sustentação
Substantivo que dificilmente caracterizaria aquela figura
Que mal se apóia no chão.

Fragilidade vem à cabeça
Frágil idade
A figura da fragilidade estava a minha frente
Uma frágil invisibilidade

Apoiada por uma só muleta e encostada na parede da galeria
Por raros momentos ela saía do seu lugar
Para ir ao encontro dos apressados pedestres
Que, assim como eu, só viam a caixa a se aproximar.

Seu lugar, qual seria afinal?
Simplesmente a caixa se aproximava.
O chamamento tímido, nisso se resumia,
A voz faltava.

Dentro da caixa,
Sonhos tricotados com lã colorida
Que, em troca de alguns trocados
Aos transeuntes era oferecida.

O rosto marcado pela idade avançada
Guarda marcas de momentos vividos
Deixa rastros de uma vida
De sentimentos já sentidos.

Caminhos que a levaram até ali
Quais caminhos?
Onde estão as pessoas que fizeram parte desses momentos?
Onde estão seus carinhos?

Por que tudo é tão dúbio?
Por que está tudo tão distante agora?
Quem foi que escolheu ficar?
Quem escolheu ir embora?

Em que momento da vida fazemos a escolha que definirá tudo?
Em que momento definiremos quem vai seguir ou não com a gente?
Pode um só momento definir tudo?
E tornar o futuro tão diferente?

O futuro pode ser vazio
Qualquer passo errado
Algum caminho em forma de desvio
Algum passo mal dado.

Mas como saber?
Qual momento será crucial?
Qual escolha devemos fazer?
A escolha que definirá,
Dessa história o grande final?



fev|2011

A arte existe porque a vida não basta.

Meu paradoxo

set|2012

Odeio sua imaturidade
E quando corta o cabelo 
Odeio o modo como dirige seu carro 
E odeio seu desmazelo.

Odeio o efeito que tem sobre mim
E como consegue ler minha mente 
Eu odeio tanto isso em você, 
Que fique construindo planos pra gente. 

Odeio quando você mente
E eu finjo que está tudo bem
Odeio sua mania de ver tudo filosoficamente
E me odeio por ser assim também.

Odeio seu jeito desorganizado
Odeio a pilha de louça que você sempre deixa por lavar
Odeio quando fica calado
E sinto de relance, seu olhar.

Odeio seu jeito nerd
E seu gosto por filmes e discos
Odeio sua vontade de dominar,
De seguir e correr riscos.

Odeio quando está sempre certo 
Odeio que me faça sentir incomodada
Odeio que me provoque pra ir além
Odeio que não me deixe ficar aqui, acomodada.

Odeio quando me faz rir muito
Odeio mais ainda quando me faz chorar
Me sinto uma menininha medrosa
Te pedindo pra ficar.

Odeio quando não está perto
E odeio todas as despedidas
Odeio perceber como tudo é incerto
Odeio me sentir assim, tão perdida.

Odeio teu abraço apertado
Odeio a lágrima que corre no teu rosto
Odeio que segure minha mão e não me deixe sair do carro
Por favor acabe logo, agosto.

Odeio quando você fala com abraços, 
Mordidas e beijos
As pernas amolecem...
Fraquejo.

Odeio o fato de não me ligar 
Odeio o jeito como meu coração dispara
Todas as vezes que você volta
Minha voz se cala.

Mas odeio principalmente 
Não conseguir te odiar 
Nem um pouco 
Nem mesmo por um segundo 
Nem mesmo só por te odiar. 

E no meio disso tudo
Descobri, sem querer
Que todas as razões pra te odiar são na verdade
Desculpas pra me permitir te perder.

São as razões pelas quais 
Somos imperfeitamente perfeitos
E quando penso não te amar mais
Sinto tudo vivo, aqui dentro do meu peito.

Odeio por amar
Amo por odiar
Paradoxo da vida
Sinto a euforia do reencontro
Com o silêncio da despedida.


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Livre



Quem disse que precisa rimar?
Quem disse que precisa palavras?
O meu verso eu faço assim
Livre
Como eu
Borboleta que sai do casulo
Pronta pro seu primeiro vôo solo
Sem bagagem
Sem amarras
Sem hora pra voltar
Sem destino certo

E não é assim o amor?
A liberdade que faz ver mais longe
A inquietude que faz querer ir além
O olhar que fala
O toque que entende
A palavra que cala
O gesto que consente.


Pára!

out|2011

E é aí que o coração dispara
E diz pára!
Pára tudo...