quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Em construção...


Tenho escrito tantos versos,
Que nunca formam um poema,
Ficam soltos, incompletos,
Ainda esperam teus fonemas...

Deixo assim,
Uma linha em branco,
Na esperança que leias,
E devolva as palavras que arranco.

Cuidadosamente escondidas,
Entre sentimentos velados,
Habilmente protegidas,
Em um livro rabiscado.

Escolho algumas,
Duas ou três,
A mais importante faço com que suma,
Para que entendas, talvez...

Deixo assim,
Subentendido,
Para que entres em entrelinhas,
E entre elas encontres comigo.

Mensagens subliminares,
De um coração em estado sublime,
Para sintetizares,
As pistas deste crime.

Escolha as palavras certas,
E completarás esta poesia,
A rima está entreaberta,
Para que juntes tuas palavras às minhas...

Permuta



Mundo de aparências,
Não supre minhas carências,
Mundo de mentiras,
De eternidade de um dia.

Mundo de encontros solitários,

De festas vazias,
De cumprimentos automáticos,
De respostas frias,
De relacionamentos burocráticos,
De trocas em assimetria.

Mundo programado,

Em papel passado,
Mundo autenticado,
Vale um centavo.

Vida [comprada em] real,
Parcelada no cartão,
Realidade surreal,
Pode ser paga depois... 
Ou não...

E se eu te der...
Sem troca, sem permuta...
Você acreditaria em algo incondicional?
Sem troco, sem disputa...
Algo maior...
Divinamente irracional?

Algo que contrarie este mundo,
Que fuja dos preceitos,
Que beire o absurdo,
E inverta teus conceitos,
Que vá ao fundo...

Mundo da doutrina do raso,
De pessoas fúteis,
Mas como não é este nosso caso,
Neste mundo somos inúteis...



terça-feira, 22 de outubro de 2013

In Wonderland...



Cá estamos nós,
Frente a frente,
Mais uma vez,
Mas tudo está tão diferente.

Não há mais noção de tempo,
E de espaço,
Sou maior que uma casa e tal qual um grão,
Desde que despenquei naquele buraco...

Como inimigos, construímos defesas,
Erguemos muralhas ao nosso redor,
Esconderijos secretos,
Será este nosso melhor...?!?

De cima da torre,
Em meu domínio sou rainha,
Reino em preto e branco aos meus pés,
Mas ainda espero que me chames "minha".

Andando em diagonais,
Jogadas ensaiadas pelas tangentes,
Exterminando reis,
Mas ainda fraquejo na tua frente.

Meu reino todo a te caçar,
Do mais alto clero ao mais simplório peão,
Cortem a cabeça do criminoso!!!
Que sem piedade aprisionou um coração.

Espadas cravadas em copas,
Paus e pedras que acumulamos,
Durante todo o trajeto... reto,
Perdemos nosso coelho branco...

O abandonamos...












quinta-feira, 17 de outubro de 2013



"Um dia você deixou escapar que sentia vergonha por nunca ter lido um clássico. Eu fiquei vermelha, confesso!Mas admiti que não dava importância aos livros importantes. Aliás, não me lembro de ter lido nada de muito grandioso nos clássicos.


Achávamos chato qualquer livro com mais de 256 páginas e 12 personagens, lembra? Guerra e Paz ainda espera nossos olhos. Se depender da nossa vontade, Moscou morrerá de frio. E, com todo respeito, que se foda Napoleão. Dom Quixote ainda tenta chamar a nossa atenção com aqueles moinhos gigantes. Sancho tem um nome fofo. Meu cachorro teria esse nome. Se fosse um bulldog, claro!. E, pra mim, Cervantes será sempre um restaurante em Copacabana não um livro de bacana! E você ri. E eu também! E a gente se beija. Ah, e eu não me esqueço daquele silêncio homérico quando confessei que não li Ilíada e não entendi porra nenhuma da Odisseia. Prefiro mil vezes o Stanley mandando gregos e troianos fantasiados de macaco pro espaço. Desculpa os palavrões. Se eu me envergonho? Um pouco, confesso. Mas eu li o poema que você escreveu pra mim quando nem sonhávamos em sonhar em estar juntos um dia – se é que já estivemos juntos um dia. E aqueles versos bobos talvez sejam a coisa mais linda que li até hoje. Neruda que me perdoe. Quintana que me desculpe. Drummond que não me julgue. Aquele seu poema é o único clássico que tem espaço cativo e afetivo na minha estante: entre a Liberdade, de Franzen, e o Eu Hei-de Amar uma Pedra, de Lobo Antunes. E é lido todos os dias desde o dia que não nos vimos mais. Quando leio: “Amada, o mundo é tão estúpido que as pessoas precisam amar.” Eu tremo. Quando releio “Amada, o mundo é tão estúpido que eu não posso te amar“. Eu choro. E essa fala ainda reverbera nitidamente feito berro silencioso nos meus tímpanos de menina. Eu ouço a sua voz declamar cada verso, como se fosse rasgar minha memória. E rasga.

Um dia você deixou escapar que sentia vergonha por nunca ter lido um clássico. Eu tenho vergonha dos que nunca leram um poema seu..."




[lembrança portátil]

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Espelho meu



Dois corpos que se refletem,
É da luz o efeito,
Duas superfícies marcadas,
Sincronismo perfeito.

Mais do que a superfície,
A luz penetra a alma,
O efeito transcende o toque da pele,
Aninha, acalma.

Mais do que reflexo,

É o reconhecimento de dois seres,
É se descobrir um no outro,
Pequenos prazeres.

O espelho não mente,
Não mente por não pensar,
Reflete sem refletir,
Apenas reproduz o olhar.

Meu espelho e eu,
Frente a frente,
Reflito em você, reflito eu em mim
Agora vejo tudo diferente.

Agora eu entendo
Meus defeitos, 
Tão nossos...
Ali expostos,
Pela luz e seu efeito.

O reflexo é idêntico,
É deformado e nítido,
Olho tudo e não vejo nada
É precisamente impreciso.

SWEETHEART


SWEET[in my]HEART...
HEART toffees in my mouth... MELTING
two SUGAR spoons smearing my KISSES
one cub on coffee that FLOWS into my VEINS
HONNEY![the]MOON is reflecting in my EYES
FLOATING cotton candy clouds on my HEAD


a little bit of BUTTER
[slides and]FLIES into my STOMACH
cross MY MOUTH and put down ON YOURS
swallow hard to catch them... again...

Ficaqui!


Você disse "Fica aqui!"
Mas teu aqui
Não era aqui
Era logo ali...
Aí...
Ficaqui!

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Catrapo



Poesia boa vira trapo,
Na gaveta, só o fiapo
Queda livre do sonho,
Aterrissagem forçada...

>>>Catrapo<<<