sábado, 20 de julho de 2013

Nova edição



Se é para viver,

Que seja em poesia,
Em verso, trova...
E conteúdo.

De repente é só trocar o verbo,
De repente é só mudar a frase,
E inverter a culpa.

Deixar de ser sujeito oculto,
Em mágoas,
E passar a ser voz ativa,
Em felicidade!

De repente é hora de melhorar a rima,
De repente é hora de jogar fora o verso,
Que não cabe mais,
Que extrapola as linhas.

De repente é hora de reescrever o início,

Reinventar o final,
Republicar... porque não?
De repente essa é a melhor chance,
De ser a melhor edição,
De mim mesma.

Poesia do equivocado


Começou assim meio equivocado,
Meio torcido desde o nascimento,
Assim estava destinado,
Fadado ao esquecimento.

O risco foi assumido,
Quando da viagem inesperada,
O ensejo foi suprimido,
A chance foi roubada.

Mas apesar de tudo,
A mensagem chegou ao destino,
Mas apesar de tudo,
Os dois se encontraram no caminho.

Conversas caminhadas,
Em noite enluarada,
De arquiteturas conversadas,
Fachada a fachada.

Conversas de areia,
Em dia de sol gelado,
De engenharias marítimas, de sereias,
É impossível ficar calada...

Ao teu lado...

Tinha tudo pra dar errado,
Mas deu certo,
Começou equivocado,
Então você chegou mais perto.

Tinha tudo pra dar errado,
Para que se perdesse o momento,
Talvez se não tivesse me tocado,
Mas assim nasce o sentimento.

Tinha tudo pra dar errado,
Se fosse só o beijo que tivesse roubado,
Se fosse só o anel que tivesse levado,
Mas algo mais foi furtado.

Mas nessa história mal começada,
Foram delineados versos de poesia,
E ela foi sendo desenhada,
Escrita com tua caligrafia.

Escrita em guardanapo de papel,
Acabou por roubar sorrisos,
Já não importa o anel,
Nem os versos de improviso.

Mas a história mal começada,
Que buscava por um final feliz,
Foi abalada,
Ficou por um triz.

Perdoe os rascunhos mal escritos,
Fugiram do contexto, da situação,
De um verso bonito,
Sobraram palavras sem razão.

As estrofes se perderam,
Se enrolaram na própria linha de pensamento,
Mas apesar da anarquia que ergueram,
Segue intacto o sentimento.

O final de uma poesia não escrita
Não há de se prever
A trova que não foi dita
Que só falta escrever...








quarta-feira, 17 de julho de 2013

Covardia poética



Noites vazias de insônia,
Noites cheias de palavras,
Ditas a uma folha em branco,
Que as acolhe sem julgamento,
Sem pudor,
Sem arbitramento.

Sim, eu sei!
É covardia!
A poesia que encharca a alma,
É a mesma que afoga os sentimentos,
A calma verbal que por ora acalenta,
É a mesma que entorpece o meu eu,
Que enlouquece, calado,
Preso nas grades desenhadas pelas linhas dessa folha em branco,
E que desmaia na lucidez gramatical,
Na métrica,
De devaneios áureos,
De estética,
De perfeição simétrica.

Vertentes incessantes de palavras,
Que correm em frenesi ardente,
Movimento alucinante,
Desenfreado mas latente.

Já não posso parar!
É a união de dois mundos,
O choque da realidade, dura e estática,
Com um mundo de sonhos e poesia,
Que do choque desbota, capota, mas...
Sobrevive...
Ironia!

Sim, eu sei!
É covardia!
A mesma mão que escreve o verso,
É a que se recolheu para não tocar na tua,
A mesma palavra que no papel se faz doce,
É a que assumiu um tom perverso,
E que mesmo assim segue a proclamar,
Bradar aos quatro ventos,
Sobrevoando o absurdo,
Santificando os maldizeres,
E menosprezando o mais puro dos sentimentos,
Sentimento que sente, mas nega,
Nega!
Nega para atear fogo em explosões gramaticais,
Levitar ao insulto das tramas,
Conceder indulto ao furor das chamas,
Ácida palavra que ao contato com o papel efervesce...
Que entristece, convalesce, mas...
Revive...
Permanece!

Sim, eu sei!
É covardia!
O mesmo carma da escrita em punho,
É o que testemunha as noites em claro,
Noites em rascunho.
Já não há como parar!
Já fez-se raro o descanso,
O caminho prossegue,
Exaurida, a palavra vaga,
Na trilha dos eremitas,
E peregrina, alucina, mas...
Prosegue...
Grita!


Sim, eu sei!
É covardia!
A mesma palavra que fere mortalmente,
É a que arranca o sorriso,
É a que divaga sobre o amor,
E que omite o medo de amar,
E assim vou, teorizo,
Que dores não são amores,
São delírios,
Que amores nada mais são,
Que meus martírios.

Nessa covardia poética
Carrego a palavra nas costas
Sem vida
Mas que ainda estanca
O gotejamento de lamentos
Que renuncia, silencia, mas...

Ama...


terça-feira, 16 de julho de 2013

Luna


Pára a vida e olha pra lua...
...Pára agora e vai já pra rua.


Lua, lunática, segue luando...
...Luzes em luares lunados.

Luna... bella luna...

Pára a vida e pausa o tempo...
...Retrocede pro amanhã
Avança pro ontem...

Pára exatamente naquele momento...


sábado, 13 de julho de 2013

Saudade

Saudade é nada,
Um nada com pretensão de ser tudo,
Saudade é a emoção calada,
Um grito mudo.

Saudade é vazio,
Um vazio cheio do que não está ali,
Saudade é frio,
Um calor que deixou de sentir.

Saudade é espaço em branco,
A lacuna deixada,
Saudade é o sentimento que arranco,
Que não permito sobrar nada.

Saudade é colocar dois pratos à mesa,
Saudade é ouvir outra música, que não seja a tua preferida,
Saudade é deixar um espaço em branco,
Na esperança de que ele volte a ser preenchido.

Saudade é mudar a rota pra passar em frente onde ele mora,
Saudade é esperar e mensagem ainda não escrita,
Saudade é estar aqui ainda depois de ir embora,
Saudade é engolir a palavra não dita.

Saudade não é ausência,
É a presença disfarçada,
Saudade é meu amor com outra aparência,
É minha espera velada.

Saudade é meio do caminho,
A distância entre despedida e reencontro,
É a certeza que ainda fazes parte do meu destino,
E que te encontrarei, apesar do desencontro.