sexta-feira, 31 de maio de 2013

Ode ao inacabado


Comecei,
Não terminei,
Quem sabe amanhã,
De repente fica pra semana que vem.

Comecei,
Mas fim de semana taí,
Se Deus quiser,
E o tempo permitir,
E se ninguém mais fizer.

Mas só se não chover,
E se você vier,
Quando não passar minha série na TV,
E se muito trabalho não tiver.

Essa semana tem feriado,
Quem sabe emenda no domingo,
Já está tudo programado,
Mas só se eu não ficar dormindo.

Essa semana é menos útil,
E a próxima vai chegar mais rápido,
É só deixar de lado tanta coisa fútil,
E ser mais prático.

Daqui a uns três dias,
Tudo volta ao normal,
Vou fazer tudo o que queria,
E ser feliz como nunca fui igual.

Na agenda tá marcado,

Com um "x" na virada do ano,
No primeiro dia tudo será mudado,
Mas isso segundo o calendário tibetano.


terça-feira, 21 de maio de 2013

Divina razão



Pára pra pensar
E tudo perde o sentido
A cada movimento do relógio
É um segundo perdido.

O tempo passa, expedito

Não se comove com o que não foi feito
Não se prende ao que não foi dito
Apenas segue em ritmo perfeito.

É mecanicamente preciso

Divinamente exato
Mas miseravelmente conciso
Não admite o abstrato.

Tenho pena de ti, velho senhor

Que nunca aprendeu a amar
Que nunca conheceu o amor
E dele só faz zombar.

Podes ser o senhor da razão

Mas não reges o destino
Não há quem vença um coração
Quando este encontrou seu caminho.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Lacunas



Não, não quero escrever poesias
Pois onde transbordam palavras
Escorrem sentimentos
Que encharcam páginas
Que facilmente secam com o vento.

Quero enxugar meu vocabulário
Com teu guardanapo de papel
Quero que os versos se esgotem
Ganhem o ar cantado de um cordel
Mas quero que o sentimento jorre
E ultrapasse os limites da minha Torre de Babel.

Ora, se a maior poesia está
Na ausência total de palavras
Nas lacunas deixadas pelos versos

No silêncio das entrelinhas
Nos suspiros confessos
Em roubar tuas palavras
E as tornar minhas.