sábado, 28 de setembro de 2013

Sempre foi você...



Sempre foi você...

Do caminho reto, a tangente
Da estabilidade, o balanço
Do encontro, a serendipidade
Do passo de dança, a timidez
Do beijo, o começo
Do sorriso, o conforto
Da sinastria, o reconhecimento
Da música, a voz
Do sonho, a falta de chão
Do projeto, os traços iniciais
Do medo, o primeiro passo
Da dúvida, a certeza
Da vida, a espera
Da espera, a volta...
Volta!?!
........................
Da espera, a razão...
Você...
Sempre foi você...




Sumi





“Sumi. A culpa é das estrelas, mas têm-se as vantagens de ser invisível, pois soube quem era a menina que roubava livros, pude descobrir o segredo de Capitu. Ah, coitado do Dom Casmurro! Consegui escutar uma conversa entre a Peregrina e a sua hospedeira. Participei de algumas aventuras de Pi, dei água para elefantes e viajei com Alice ao país das maravilhas. Presenciei combates entre os distritos e, meu Deus, são verdadeiros jogos vorazes, quase que meus olhos se transformam em chamas, porém, tenho a esperança de tudo terminar bem. Desvendei o código da Vinci, entrei no quartinho embaixo da escada, onde Harry ficou antes de ir para Horgwats. Revirei e encontrei a carta de chamada e uma coisa me intrigou: faltava um til em uma das palavras. Fugi para o mundo de Sofia e dormi em uma aula de Filosofia. Acordei duas aulas depois e do meu lado estava um caderno rabiscado com apenas quatro folhas em branco. Vomitei as palavras e mergulhei na fantasia do escrever, ler, imaginar… Sonhar.”



— Sou um ser feito de barro e gosto da companhia de livros —

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

..."São estes os versos que venho procurando..."



"São estes os versos que venho procurando..."

São os que sempre estiveram aqui, 

Guardados...
Escondidos...
Outrora renegados...
E que hoje voltam a florescer,
No ritmo de um coração acelerado,
Que só acalma...
Silencia...
Pára...

Quando te lê...

Razão e Sensibilidade



Simplesmente não tem explicação,
E nem deveria ter,
Tão bom o que é por ser,
Sem motivo ou razão.

A busca por entender,
Mora na incredulidade do natural,
Encontrar qualquer indício anormal,
Algo que coloque tudo a perder...

Pra quê???

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Vinteler



Do vício em tuas palavras,
Fez-se a poesia,
Maravilhosa sensação que é,
Degustar tuas linhas.

Passeio por entre as sílabas,
E saboreio cada fonema,
Sem pressa alguma,
Eis meu poema...

Estado de êxtase...
Coração diz......................... pára!
Tenta esconder em vão
O que meu olhar propala.

Vim aqui pra ler...
Vim aqui pra reler...
Vim aqui pra dezler...
Vinteler..............................vim te ver...







All Stars



Ainda calçada,
Sinto os ladrilhos hidráulicos,
Sob meus pés...
Na calçada.

Desato nós e cadarços,
Lentamente,
Não tenho pressa...
Mas já é março.

Penso em pés,
E gatos que fogem,
Por caminhos incógnitos...
Preciso de café.

Há na xícara qualquer esperança,
Calor e conforto,
Senão desolação,
Onde pingam lembranças.

Lembranças tecidas em seda,
Pedaços de meu patchwork,
De notas musicais,
E um ritmo apenas.

Desfaço a teia,
Jogo os cadarços,
Todas as estrelas,
no chão do meu quarto.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Troca-se um fusca branco



Troco um fusca branco,
Por um pouco de paz,
Leve as lembranças e ganhe um banco,
Siga viagem e não olhe pra trás.

Momentos em promoção,
Venha e dê sua oferta,
Ganhe na troca a direção,
Só não damos a garantia de que é a certa.

Vende-se somente o motor,
Depende da sua necessidade,
Ele alimenta o amor,
Mas é movido por litros de saudade.

Mas se preferir,
Leve apenas a janela,
Abra-a e a veja partir,
Ainda se lembra dela?

Carrinho branco ficando em pedaços,
Cada um leva o seu,
É nítido seu cansaço,
Por tudo o que já viveu.

No retrovisor fica o caminho,
Já não há mais porque voltar,
Na estrada, sozinho,
Sol a pino a ofuscar.

Ofusca-me a visão,
Ofusca-me o fusca,
Suor, terra, distorção,
Segue a busca...

...................Volta!


Então volta...
Me prova que não foi tudo um sonho,
Que o amanhecer não apagou,
Aquela noite que existiu,
Não amanheceu... ficou.

Em mim...

Então volta...
Traz de volta tua luz... tu luz...
.......................................................Bendita seja!
Volta e ri alto!
Dessa minha falta de familiaridade com tua cerveja.

Então volta...
Volta e me deixa dirigir teu carro...
Eu faço caras... tu fazes bocas,
Vamos!Pois o espetáculo é pra raros.

Então volta...
Entra que te levo pra conhecer o Big Ben,
Tomar chá com a rainha e visitar os Beatles,
Cruza a ponte................................................Vem!

Então volta...
Rabisca o livro que ainda não escrevi...
Faz das minhas palavras...tuas,
Usa-as em teus rascunhos,
Me ajuda a ler as ruas.

Então volta...
Vem ser junto o que não somos separados,
Traz contigo o riso solto... o sonho alto...
As tardes leves ao teu lado.

Então volta...
Traz contigo a poesia inacabada,
Que eu levo meu poema pela metade,
Pode ser que não dê em nada,
Que seja só mais uma tarde.

Então volta...
Me faz voltar a acreditar que vale a pena,
Sonhar sem tirar os pés do chão,
Abrir mão do controle e da razão,
Me faz sentir grande ainda que pequena,
Segura minha mão...

Volta...

terça-feira, 24 de setembro de 2013





Nascemos em poemas diversos
Destino quis que a gente se achasse
Na mesma estrofe e na mesma classe
No mesmo verso e na mesma frase
Rima à primeira vista nos vimos
Trocamos nossos sinônimos
Olhares não mais anônimos
Nesta altura da leitura
Nas mesmas pistas
Mistas a minha a tua a nossa linha.


[Paulo Leminski em Toda Poesia]

domingo, 22 de setembro de 2013

Poema sem pé nem cabeça



Flor de pitanga que nasce em pé de amora,
Nasce em solo árido,
Onde a água aflora.

Noite enluarada de sol,
Coberta de estrelas,
Que viram poeira,
No chão do farol.

Abro a janela pro vento sair,
Deito no teto e observo o chão,
Abro as asas pra cair,
E desço em ascensão.

Lembro dos momentos que ainda não vivi,
Da cuia vazia, sem mate,
Choro sentimentos que nunca senti,
Lágrimas que se misturam ao chocolate.

Flor de canela que da parreira aflora,
Cresce de cima pra baixo,
Brota em sorrisos no rosto que ainda chora.

Arco-iris monocromático,
Pinta o céu em tons pastéis,
Pingos de chuva caem estáticos,
Secam aos poucos meus pincéis.

Flor de girassol que segue a lua,
Rotaciona as estrelas,
Como se fossem suas.

Flor de poema sem pé nem cabeça,
Brota no coração,
Enraiza,
E faz com que eu esqueça...






segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Frações de verdade



Na verdade, essa não é a verdade,
Na verdade, esta é só a metade,
Da minha verdade,
Da grande verdade.

Meio da metade,
De um inteiro de ansiedade,
Por minha verdade,
Na grande verdade.

Meio da metade,
De dois terços de vontade,
De matar a saudade,
Da minha saudade.

Meio da metade,
De quatro avos de bondade,
Em manter a piedade,
Num ímpeto de maldade.

Em frações de frugalidade,
Pequenos pedaços de perversidade,
Dão ao verso a unidade,
E o findam em mediocridade.

Alimento à uma vaidade,
Veneração à diversas deidades,
Odes em infinidade,
O nada em sua totalidade.

Verdade?
Exposição da intimidade,
O "eu" em vulnerabilidade,
Ascensão da alma à plena maturidade.

Verdade?
A vida encontra sua finalidade,
Quando descobre a felicidade,
Em pleno gozo de liberdade.

Verdade?
Perda das palavras a habilidade,
Abaixar a guarda, desligar a sagacidade,
Inverter a prioridade.

Verdade...

Fração em totalidade,
Não admite metade,
É inteira em quantidade,
Completa por identidade.

Verdade?
A verdade não pode ser dita...
Ninguém está preparado para ouví-la...
É uma tempestade arrasadora que devasta uma só pessoa...
Quando mastigada, engolida, digerida...
Dói em um só... mata um só
Não é justo
Não está certo
Mas, por enquanto
Eu aguento...

domingo, 8 de setembro de 2013

O projeto da minha vida



De todos os projetos pensados,
Eis a folha que permanece em branco,
De todos os rascunhos desenhados,
É o partido que não lanço.

Com traços de sonho foi concebido,
A quatro mãos tomou forma,
Cuidadosamente esculpido,
Desafia qualquer norma.

Escada no centro da planta,
Sob ela um jardim particular,
Temperos da horta finalizam a janta,
Cheiro, forma e cor de um lar.

Aço e vidro no meu enxaimel,
Começam no chão,
E sobem... 
Vão ao céu,
Na leveza da sustentação.

Ouço a água que corre,
E pelo teto vejo as estrelas,
Lá em cima, onde o sol morre,
Deito no tapete de grama para vê-las.

Projeto sonhado,
Traz o que está fora pra dentro,
Jamais antes arquitetado,
É do mundo o centro.

Pensando bem é o oposto,
O que está dentro é que se expande,
É do contexto o aposto,
Passa das divisas, exorbitante.

O mundo inteiro cabe aqui,
Pois tijolos deram lugar pra sonhos,
Dispostos cuidadosamente ali,
Na ordem em que os ponho.

Nesse mundo inventado,
Criação, sonho, vida...
Que segue seu bailado,
Um novo recomeço a cada partida.

Não há limites de traçado,
Linhas não delimitam, só norteiam,
Neste desenho inacabado,
Tempos de um futuro vagueiam.

O projeto é uma casca que protege,
Abriga e conforta,
A união que o destino rege,
Completa, comporta.

Projeto pensado, sonhado,
Teima em não se tornar real,
Enquanto os dois não estiverem lado a lado,
A casa ainda não é um lar, afinal.

Te cuida



Aquela hora,
Aquele segundo em que a fala trava,
Em que as palavras vão embora,
Some toda a coragem...
Que era tão brava.

É naquele momento,
No segundo que a gente estende,
Mil palavras que escondem um único sentimento,
Que não se fala... 
Se entende.

Palavras pra te prender,
E invento um novo mundo,
Laços poéticos pra te envolver,
É tudo teu...
Por um segundo...

Um novo ritmo de tempo,
Onde a meia noite nunca chegue,
Reorganizo as quatro dimensões...crio...invento...
Tudo isso em tuas mãos... 
Entregue.

Te cuida,
Te cuido,
Te zelo,
Te espero...
Volta aqui...
Fica por aqui...
Nesse mundo.



No dia em que matei a poesia em mim



Uma assassina me tornei,
Assassina em série, multifacetada, desnorteada...
No meio do caminho me abandonei,
Na busca desenfreada... pelo nada...

Matando pra (sobre) viver.
Mudando de rumo pra esquecer,
Lembranças de microondas pra aquecer...
E... novamente... fazer doer....

Ocultando os restos debaixo do meu travesseiro,
Restos do que um dia foi meu mundo inteiro,
Restos que à noite voltam em forma de sonhos,
Lembranças de um crime perfeito...

No dia em que matei a poesia em mim,
O amor-de-toda-vida estava lá sentado,
Ouviu uma confissão e foi o fim,
Sorriu por fora, morreu por dentro e se foi calado.

No dia em que matei a poesia em mim,
Eu busquei outro culpado,
Não podia aceitar enfim,
Que lhe tivesse afastado.

Num instinto de proteção,
Matei minha poesia,
Era ela que inundava meu coração,
Quando aquele olhar percebia.

Poesia não é meu dom,
É minha enfermidade,
É cantar sem ouvir o som,
É cegar-se para a verdade.

Agora a observo morta ao chão,
Aquela que um dia imaginei nunca viver sem,
Num gesto de dignidade seguro sua mão,
E todo o sentimento que dela advém.

Observo sua agonizante dor,
Mas a deixo partir,
Leva consigo parte do amor,
Que um dia me fez sentir.

É uma parte de mim que morre,
Assim como as outras que foram ficando pelo caminho,
É uma lágrima que escorre,
Afagando-me o rosto com carinho.